Os Transtornos do desenvolvimento neurológico podem ser descritos como condições que se manifestam no início do período do desenvolvimento da criança e acarretam dificuldades no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional.
Entre eles, o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), e conforme a descrição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (DSM - V), caracterizam-se pela presença de um repertório comportamental marcadamente restrito de atividades e interesses, prejuízos na comunicação social e interação (APA, 2014).
Isso significa que de acordo com o DSM-V ele afeta 3 grandes áreas do desenvolvimento da pessoa: comunicação social, comportamentos repetitivos e interesses restritos e pode estar ou não associado a comprometimento intelectual concomitante ou a outra condição médica ou genética.
Importante considerar a variação nos sintomas e nos comportamentos individuais, uma vez que algumas pessoas apresentam alguns sintomas de forma leve e outros com maior comprometimento.
Ao observar esses níveis, você poderá entender melhor sobre o diagnóstico de autismo e a sua especificação.
São descritos três níveis no DSM-V:
• Nível 1 – necessidade de apoio (precisam de algum apoio e tratamento para desenvolver-se e serem funcionais);
• Nível 2 – necessidade de apoio substancial (apresentam maior necessidade de tratamento e necessitarão de maior apoio para a vida acadêmica, social e familiar) e
• Nível 3 – necessidade de apoio muito substancial (crianças com maior comprometimento, necessitarão de muito apoio, tratamento e poderão ser pouco funcionais e apresentar menor independência).
A diferença se dará conforme o nível de apoio que cada pessoa necessitará para comunicar-se, interagir com os demais e também quanto aos comportamentos restritos e inflexíveis.
Entre as características que envolvem o autismo, a interação social é a base do diagnóstico do TEA, podem-se observar déficits na reciprocidade socioemocional, que pode envolver sinais como dificuldade em abordar uma pessoa, estabelecer uma conversa, restrição em compartilhar brincadeiras imaginativas, não apreciar a interferência na brincadeira, dificuldade em perceber sinais sutis em conversas, dificuldade em interpretar comunicação não verbal e sinais sociais, dificuldade em demonstrar interesse pelo contato, outras terão maior interesse em objetos, dificuldade em iniciar ou responder a interações sociais, déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, dificuldade em fazer amigos ou ausência de interesses pelas pessoas. Portanto, quando a criança começa a apresentar dificuldades na comunicação social, é importante que os pais estejam atentos. Crianças costumam ser comunicativas e interagem com certa facilidade com outras crianças e com adultos ao redor.
A cognição social é a habilidade de perceber, compreender e interpretar os sinais sociais. Essas habilidades são importantes para os julgamentos sociais e para a tomada de decisões. Indivíduos com TEA podem ter dificuldade para identificar emoções nas outras pessoas, julgar expressões faciais, perceber emoções na voz do outro, identificar regras e sinais sociais, o que pode interferir significativamente no relacionamento com os demais.
Em se tratando da linguagem / comunicação, alguns indivíduos com TEA apresentam a fala, porém com certas restrições na comunicação, parecem usar a comunicação de uma forma diferente do padrão de crianças da idade dele, seja usando palavras e frases muito corretas, não conseguir manter uma comunicação de duas vias, mantendo muito tempo o mesmo assunto, repetir frases de filmes, desenhos, ecolalia, fala estereotipada, “robotizada”, com pouca entonação e/ou não entender as entrelinhas no diálogo.
Alguns não apresentam a fala e muitos aprendem a se comunicar por meio da comunicação alternativa e suplementar ou comunicação alternativa e ampliada (CAA).
Neste sentido, são utilizados desde Sistema de Comunicação por Trocas de Figuras (PECS) – cartões com imagens que descrevem conceitos básicos até o uso de aplicativos que permitem criar sentenças complexas. Mas o sucesso no uso dessa comunicação e o avanço das habilidades de comunicação do autista vão depender em grande parte de um acompanhamento efetivo da equipe de profissionais.
Em relação aos comportamentos restritos, podem apresentar dificuldade em mudar a rotina, em flexibilizar, gostar de fazer sempre igual, do mesmo jeito, sejam as brincadeiras, horários, comidas (seletividade alimentar), mesmos assuntos, temas, desta forma, podem aprender muito sobre um tema, o que favorece um conhecimento acima da média à respeito de algum assunto.
Outras características envolvem as estereotipias, estão relacionadas ao comportamento repetitivo, ritualísticos, sem motivo aparente, seja na fala ou na movimentação do corpo. São exemplos: balançar os braços, passar objetos em frente aos olhos / em ângulos diferentes, balançar o corpo, rodar ou alinhar objetos, pulos repetitivos, andar em círculos, sons ou frases repetidos. As estereotipias no autismo surgem, principalmente, quando a criança recebe uma série de estímulos e é uma das formas que ela encontra de se reorganizar e processar os estímulos que recebeu, conseguindo encontrar um movimento que a ajuda nesse processo de organização emocional e corporal.
Importante citar que alguns indivíduos podem apresentar busca excessiva ou aversão a estímulos sensoriais, indiferença aparente a dor e temperatura, reação a sons, certas texturas, movimentos, fascinação por luzes, cheirar ou tocar objetos de forma excessiva.
Diante dessas informações, o que vale destacar é que se você percebe alguns dos sinais relatados, é muito importante procurar uma avaliação com equipe especializada. A equipe deve ser constituída por profissionais das áreas de medicina, psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, além de outros encaminhamentos necessários que podem envolver pedagogia, fisioterapia, nutrição, entre outros. Pode ser considerada a consolidação do diagnóstico, descartar hipóteses ou definir como uma suspeita, porém iniciando intervenções focadas nas características apresentadas, conforme as demandas de cada criança e estimulando as suas habilidades.
A identificação precoce de sinais de risco possibilita informações para as pessoas que convivem com a criança e ajustes no ambiente. As avaliações dos profissionais servem de guias para identificar as capacidades e desafios e nortear as intervenções seja em ambiente terapêutico, domiciliar ou escolar.
Se você é um familiar de criança que apresenta este diagnóstico, o essencial é você sentir-se confortável com a equipe que atende ou irá atender seu filho, tirar suas dúvidas sobre métodos utilizados e formas de intervenções. O mais importante é considerar que os profissionais que irão acompanhar seu filho tenham um olhar para a família e ambiente domiciliar também, com acolhimento e orientações para que as intervenções trabalhadas em terapia sejam também reforçadas em casa, bem como tenham como foco a parceria com a equipe escolar com adaptações e um trabalho em conjunto com os professores tanto para socialização quanto para acesso ao conteúdo acadêmico.
Espero ter ajudado com esse texto e que você tenha conseguido resposta para algumas dúvidas ou ao menos ter ajudado a observar com maiores detalhes alguns comportamentos e características da criança que você convive.
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